segunda-feira, 21 de abril de 2014

Tô de licença!

 Eu já não sou mais a tua pequena, que pena... ♫ Que pena, amor. Que pena que outra pessoa te chame assim. Que pena que você chame outra pessoa assim. Não que seja pena você estar feliz. É pena que minha felicidade não siga o compasso da tua. Ando sincopada. 3 por 3. 1. E você? Calmaria acompanhada de calmaria, imagino. Paixão faz isso. Mãos dadas. Amor. Seu amor, minha saudade. 
  Que pena que eu não pude ser o amor que você julga merecer. Que pena que você não foi o amor só meu pra sempre. Que pena, que pena... Eu só sei me sentir pequena? Diacho! Será que vai vir outro amor? Deve vir. O amor sempre vem, dizem. É só estarmos alinhados com o universo, creio. Mas será que vai ser tão amor do jeito que o nosso era? Prevejo comparações. É a minha cara comparar flores e declarações. Acho que é a sua cara, também. E nessas comparações, é claro, quem ganha é quem ta do teu lado agora. Tanto ganha que continua do teu lado. Já reparou nessa competição surda que existe entre o amor presente e o amor passado? Fico desejando que, mesmo que só de vez em quando, você sinta falta de mim.
  Será que o seu amor de agora é tão Amor quanto o nosso foi? Sinto sua falta. Já passaram tantas águas que nem sei mais distinguir se sinto falta do seu amor ou de um amor qualquer. Já mudei tanto e voltei a ser quem era tantas vezes que não sei bem ao certo no que acredito quando o assunto é esse tal de amor. O amor... Essa complicação toda sem a qual eu não pareço conseguir ser feliz. Me identifico comigo como se eu não fosse eu. Me identifico com o meu próprio sentimento como se me deparasse com uma poesia de um desses grandes poetas. Vinícius, por exemplo. Sinto como sinto quando leio um poema de Vinícius e me identifico profundamente com o que ele diz. Sinto como se encontrasse o meu sentimento fora de mim. Uma espécie de compreensão recíproca, vinda de um mesmo lugar: meu peito.   Tanta coisa boa na minha vida, e eu inerte. Essa peça, e a delícia que é estar no palco e no camarim. A delícia que são os caquinhos de texto, os aplausos, os agudos que brilham, os elogios, a maquiagem e o figurino. O estágio, e a maravilha que é gostar tanto de querer ser professora. O laço que nunca se dissipa, os amigos tão bons, e o fim de tarde olhando Marani. Toda a grandeza da qual tenho percebido ser capaz... É tudo maravilhoso! E eu inerte. Maldita internet.    Não é que eu seja triste todo dia. Tenho fases como a lua, já diria Cecília. E hoje estou cansada, como Clarice. Cansada de fingir que te esqueci. Não é possível lidar bem com a tua ausência todo dia, afinal.  Às vezes escrevo por isso. Escrevi n'alma um poema cujo eu-lírico, após muito penar, superou seu ex amor. Mas hoje, o tal eu-lírico cansou. Hoje, a força está de licença. Como na época em que se brincava de pique-pega. Você deve ter brincado disso também. A gente pedia "licença", e ninguém podia pegar a gente. Licença poética deixa o eu-lírico imunizado da doença que é a obrigação de ser forte todo dia. Hoje, vou ser fraca. Hoje, vou assumir pro espelho que te amo e que sinto tua ausência em cada centímetro da minha pele. Hoje, vou admitir pro meu orgulho que tenho preguiça de seguir em frente. Tenho sido tão forte pra quem sofre de lonjuras, como Caio! Hoje vou me permitir sentir tua ausência e por ela sentir tristeza e não sentir culpa por isso. Hoje eu vou sentir. Ah, vou. Hoje eu vou sentir muito.

2 comentários:

  1. o fim de qualquer coisa é sempre o início de um poema.

    reconhecer a dor é ser forte, não fraco.

    abraços.

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  2. Você é linda e pura poesia, Lu. A ausência que parece presença vira pó...

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Obrigada pelo comentário! Vou ler, e depois publico e respondo, ta?