quarta-feira, 7 de agosto de 2013

"normal"


Quase por inteiro empoeira
o coração
toda e cada vez que um pedinte
me estende a mão.

Foge-me dos olhos
sempre um infinito não.
Nasce em mim, por dentro,
dor à qual não dou vazão.

O cotidiano me adoece
até a visão.
Deixo noutros planos,
fora dessa encarnação

diferenciar o normal do habitual.
Não banalizar,
me humanizar,
ser mais normal.

Longe da noção tão triste
de normalidade
que 'inda persiste
Nessa escrota sociedade

Longe do desejo
ironicamente pobre
De ter rimas ricas saindo
Dos meus confins

Anseio muito pela métrica,
belas rimas, tudo, enfim.
Mas ansear nada adianta
Nem jamais adiantaria

coração vazio
nunca rimou
com poesia

(e mesmo
o coração cheio
não enche cabeça vazia)

- de boa intenção
o inferno ta cheio!
- diz a gente

Mas quisera ser intenção
de um jeito assim
mui diferente

ser algum dia
quem só paz
irradia

à barriga vazia
que não faz
poesia

à barriga vazia
que jaz sem
poesia


Um comentário:

Obrigada pelo comentário! Vou ler, e depois publico e respondo, ta?