sábado, 19 de outubro de 2013

Dia de festa no céu: cachaça e violão!


Porque nem só de RBD se faz uma Luísa Zanni

   Meu amor pelo poetinha tem anos de história. Desde sempre morri de amores por Vinicius - e, ah! Que delícia morrer de amores ouvindo afro samba e bossa nova! Nos trabalhos sobre ultrarromantismo, na época da escola, lembro de ser fortemente inspirada por esse tal de Vinícius de Moraes - um cara que, quando amava, não brincava em serviço. Como disse alguém no documentário Vinicius, o cara era apaixonado por ser apaixonar. E as mulheres se envolviam com ele mesmo sabendo de sua fama de, digamos, galinha. Vinicius era um apaixonado pelos prazeres da vida, e deixava isso bem claro em sua vida e em suas poesias.
   Diplomata, poeta, mulherengo, boêmio, músico, o cara escreveu também prosa e teatro. E bebeu, bebeu, bebeu. E amou, amou, amou. E me fez/faz feliz, feliz, feliz. Tem como carro chefe seus sonetos. Dentre eles destacam-se Soneto do Amor Total, Soneto do Maior Amor e o clássico Soneto de Fidelidade. Não posso deixar de indicar, também, o poema d'O Operáro em Construção: nem só de romance falava o poeta. O que dizer da Arca de Noé, então? Quem não conheceu aquelas músicas tem um buraco na infância!
   Lembro-me de uma vez, num show, ouvir Toquinho zombar: 'como é que um cara que escreve "eu sei que vou te amar por toda a minha vida" se casa nove vezes?'. Mas tudo não passava de brincadeira: Toquinho tem em Vinicius um ídolo e escreveu, junto à Chico Buarque Lindo de  Olhos Mais Lindos Ainda Hollanda um delicioso Samba pra Vinicius. Outra pérola de Vinicius delatada por Toquinho naquele show foi sua alquimia: "eu quero gelo até a boca do copo e uísque até o gelo boiar".
    Lembro-me também de haver comentado com certo amigo extremamente feminista sobre a beleza que é aquele poema, Receita de Mulher. Olhe, por pouco não fui reduzida à pó pela reação de meu amigo. Devo confessar que já não admiro mais tanto esse poema em especial. Mas que fazer com todo o tempo de minha vida que passei admirando? Não me culpo, também. Até pra ser preconceituoso o cara arrasa na retórica! De todo modo, minha paixão por Vinicius não foi mais a mesma nesse 2013 de transformações.
    Até o ano passado, encontrava muita beleza no estar triste. Quer dizer, eu sei que ser alegre é melhor do que ser triste. Alegria é a melhor coisa que existe! É assim como a luz no coração. Mas pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza, se não, não se fazer um samba, não. Sofrer por amor, então, era de uma nobreza incomensurável. E olhe, como sofri! E quer saber? Adoreeeeei sofrer. Sofrer por amor era lindo, minha gente! Todo grande amor só é bem grande se for triste, dizia aquela música que foi um hino para mim por tanto tempo. Continuo achando de uma sutileza requintada esse papo de achar bonito ficar triste. Só cansei dessa vida... Resolvi achar muito mais bonito ser feliz e talvez por isso, Vinicius e todo seu supermegaultrarromantismo tenha ficado um pouco de lado na minha vida. Mas, ai, se é uma página virada, que orgulho de tê-la no livro da minha vida!
   Certa vez um músico, pai de uma amiga, me contou a seguinte história: estava recém escrito o musical Pobre menina rica e um de seus amigos e parceiros lhe veio indagar:
- Vinicius, que o moço pobre tenha se apaixonado pela rica menina que observava, eu compreendo, mas... A menina rica se apaixonar por alguém tão pobre não é um tanto improvável?
E o poeta, viniscescamente respondeu:
- Meu caro, era primavera!
   E quem há de questionar-lhe depois disso?
Se Vinícius é machista, caros leitores invisíveis, eis um machista a quem eu amo profundamente (Thomas, não me odeie). O cara é bem maior que qualquer possível defeito na personalidade e até no caráter dele. A obra dele é ainda maior que ele. E por isso, tenho um respeito sem fim por esse homem.

Saravá!
Lu

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