domingo, 18 de maio de 2014

A vida é um observatório da própria vida

Há alguns dias, lembro-me bem, descia as rampas da faculdade acompanhada de dois amigos. Ríamos à toa, falávamos amenidades - a prova de fonética, aquela professora louca, etc. Eu estava frágil naquele dia. Frágil a ponto de não entender que, ao final das rampas, era natural que cada um seguisse seu caminho. O rapaz foi para o metrô. A moça foi para um ponto de ônibus do outro lado da rua. E eu me vi só.

Eu me senti só.

Senti o peso da solidão caindo nos meus ombros como se meus ombros sustentassem ali todo o firmamento. (A solidão é de um azul escuro como o azul escuro do céu quando é noite. Mas sem o pontilhado de estrelas. E azul escuro sem estrelas PESA.)

Voltei pra casa fragilizada e desesperadamente solitária. 

Dias passaram. Na tarde de hoje, estive em uma bela biblioteca com uma amiga. Mergulhamos cada uma em diferentes corredores que se dispunham lado a lado - ela, no que se via escrito "cinema" e eu, no que se via escrito "teatro". Nossa entrada simultânea nos diferentes corredores parecia ter sido coreografada. A risada foi inevitável. Me senti acompanhada.

Não porque houvesse alguém ao meu lado, mas porque havia a possibilidade de recorrer a alguém caso fosse necessário. Pode ser bobeira, mas aquele instante foi precioso. Entendi o seguinte: é natural cada um seguir o seu caminho. Cada um mergulha no corredor em que se vê escrita a palavra que lhe apraz. Mas os corredores estão todos dentro de uma mesma biblioteca, então, sempre acabaremos esbarrando com aquela amiga que tanto se precisava encontrar. 



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