sábado, 27 de outubro de 2012

Lei de Newton


música ambiente sugerida:



pode deixar
que eu falo
(baixinho)

ninguém vai ouvir nada dessa vez



e se, hein?

e se eu quiser
o escuro do teu quarto
de novo
e de novo
e de novo?



deixar meu corpo
do lado do teu
me diverte

a reação do teu corpo
do lado do meu
me diverte

dá vontade
de te provocar
até você perder o controle
e ter vontade
de me provocar
até eu perder o controle

e aí a gente perderia o controle junto
como quem não quer mais achar



também não quero perder você
e já ouvi isso de gente a quem perdi
perdi pro amor
perdi pro tempo
perdi pra vida

dito assim, estar vivo não parece bom
mas a verdade é que
se perdi, é porque
tive amor
tive tempo
tive vida

então sou grata
mas esse não é o ponto

aliás,
o ponto não é
o ponto somos

nós

você funciona como um perfeito antídoto para a minha tristeza crônica
e essa é a única tristeza que precisa de antídoto
convivo bem com a tristeza carta
também sei lidar com a tristeza poesia
e sou igualmente diplomática com a tristeza conto
mas a tristeza crônica é ácida demais pro meu paladar

e você neutraliza toda essa acidez
com seus
dente
língua
beijo
mordida
toque
olhar
sussurro
lábia
lábio
braço
mão
perna
pé e...
afins

porque quando eu saio de perto de você
o seu rastro fica pairando na minha vida por um tempo
e durante esse tempo
eu nem me lembro da tristeza crônica
que se autobiografa em mim

pudera!

a dose de você que você me dá
é na exata medida da minha vontade

a vontade, essa doença
que, caso seja degenerativa,
precisará de doses maiores
(ainda que haja, com isso,
um certo risco de overdose)

mas isso é assunto pra depois...
sei que, agora,
se me perguntarem o que eu quero
direi com sinceridade que quero meu antídoto

desse jeito, assim,
sem nome, sem expectativa,
sem passado nem futuro,
sem nada de diferente do que é nesse exato momento
nada de paixão, essa filha da putrefação
de amor, só o amor híbrido do Chico César - a tal amozade
no mais, só essa vontade insana
que eu tenho de você,
que você tem de mim
e que a gente tem da gente
há bem mais tempo do que saberíamos admitir



no futuro do pretérito
eu paralisaria meu pensamento,
fecharia as janelas da alma,
e abriria as portas do corpo
pra vida entrar

no presente do indicativo
um suspiro gera um toque
e um toque gera outro
que gera outro
que não se preocupa nem um pouco
com o destino dessa reação em cadeia

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Talvez

  A correria do penúltimo fim de semana perdurou no último e ainda alcançará o próximo. Mas depois disso, a calmaria volta. Fim de temporada, recesso na faculdade e paz de espírito. Cheguei muito cansada ontem, e como sabia que tinha um restinho do feriadão hoje, aproveitei pra protelar meu post de domingo pra segunda. Pois bem, vou deixar aqui a letra de uma música que eu fiz há uns 6 meses, e encontrei hoje, enquanto arrumava meus guardados. Infelizmente não to conseguindo postar o áudio... De todo modo, espero que les guste

Talvez

Vou chorar nas aulas de teatro
E sorrir nas aulas de latim
Vou fugir com as botas do gato
Vou recomeçar antes do fim

Vou te odiar te dando amor
Porque sem amor não dá pra ser
Vou me abanar com o cobertor
Vou me esquecer de te esquecer

Talvez, você falou:
Talvez daqui a algum tempo
A gente consiga se entender de vez
Talvez, eu retruquei:
Talvez eu não morra de saudade até lá

Vou comer lasanha no café
E só vou andar de marcha ré
Vou levar a vida entre o não e sim
Até você voltar pra mim


Talvez, você falou:
Talvez daqui a algum tempo
A gente consiga se entender de vez
Talvez, eu retruquei:
Talvez eu não morra de saudade até lá



Um beijo em cada bochecha,
Luísa Zanni




domingo, 7 de outubro de 2012

E ainda tenho tempo pra cantar!

 Ando meio completamente atribulada. Tanto que, domingo passado, ao invés de atualizar o blog, fui dormir assim que cheguei em casa. Tanto que celebrei a primavera com uns três dias de atraso; a lua já está quase minguante e eu ainda não tive tempo de celebrar a cheia. Eu sei, eu sei: esse post tem muita cara de diário. Mas tem um poeminha curto uma rima simpática lá embaixo, e até domingo que vem eu vou me esforçar pra postar um texto decente.
  Explico: com o fim da greve, todos os professores marcaram suas provas e seus trabalhos nas mesmas poucas semanas que temos antes do final do período. Além disso: por conta do estágio, minha hora de acordar é quase a mesma do sol por duas vezes na semana (e minha hora de dormir não quer se adiantar de jeito nenhum). Além disso: tô brincando de atriz aos fins de semana - e digo "brincando de" porque ser atriz me parece muito mais profundo do que o que eu já alcancei. É como um estado de espírito evoluído que eu ainda tenho como objetivo (e hei de alcançá-lo!). Mas, gente, como é cansativo fazer espetáculo infantil! Divertido, mas cansativo. Além disso: um certo alguém decidiu restabelecer contato comigo, o que deixou meu coração apertado, sem saber se isso é bom ou ruim. Além disso: o curso de teatro que eu faço perigou acabar, e isso me fez dar uma surtadinha básica. Além disso: aniversário da amiguinha aqui, showzinho de mpb acolá, afinal, ninguém é de ferro, né? Tenho bebido alegria, cansaço, confusão e cuba libre direto da fonte. Baudelaire se orgulharia de mim!
  É claro que tanta movimentação nas últimas semanas têm causado mil oscilações de stress a felicidade dentro de mim. É tudo muito desgastante, mas confesso, sem pudor algum, que não troco essa correria por ócio nenhum nesse mundo. E nunca mais vou acreditar quando alguém botar a culpa de qualquer frustração pessoal numa suposta falta de tempo. Dá tempo sim. Dá tempo de fazer tudo. E ai de quem me disser que não: vou fazer questão de provar que consigo, seja o que for, só pelo prazer de provar.
 Falando francamente, ainda não cheguei onde quero, tampouco me tornei quem tenho vontade de ser. Mas sinto (sabe quando a gente sente?) que eu tô no caminho certo. Vou mandar notícias do País da Realização, fique ele onde for. Aguardem!


Quero minha vida sempre assim:
muito palco e coxia e camarim.

Sem beijo: hoje aceno de longe, porque tô na correria,
Luísa