O título é só pra fazer menção ao clássico filme daquele lindo do James Dean. ♥ Não estou revoltada. E seja lá o que eu esteja, não é sem motivo. Depois de desativado o facebook, decerto, passei a usar menos a internet. E para fins mais úteis! Mas ainda há uma parcela de virtualidade muito grande na minha vida, e pretendo me livrar dela. Por isso, deixo também o blog, e por tempo indeterminado.
Caso alguém passe aqui, já fica sabendo que eu não sumi. Estou "aparecida" em algum lugar da vida real. E não quero deixar como último post aquela lenga-lenga toda que postei antes disso aqui. E, já que cê já leu até aqui, pra não perder a viagem, fica com esse áudio maravilhoso do CEP 20.000, e viva a poesia marginal!
e sensação de impotência por não poder ajudar as futuras vítimas
sendo eu uma delas,
parece que não posso fazer nada pra me ajudar, também.
não sei lidar com saudade.
não entendo porque amores se deixam acabar antes do fim.
não entendo porque o amor começa.
não entendo porque gente que eu sei que sente minha falta não faz questão de me dizer isso.
quando o acaso nos juntar, vou ouvir de novo "que saudade!"
e vou ter vontade de dizer
mentira!
quem sente saudade procura.
você não sente saudade de ninguém.
você não ama ninguém.
só você mesmo
o problema é que eu te confiei muita coisa
e me decepciona ver que você não se importa
achei que você fosse diferente, mas não é
todos vocês são iguais.
mas não vou dizer nada disso, é claro
porque isso seria botar a culpa das mazelas do mundo sobre os ombros de quem,
no fundo,
nunca me prometeu nada
foi só mais um "eu não quero te perder" da boca pra fora
triste é que eu tenha acreditado naqueles olhos semi-cerrados
e em alguns outros tão abertos
É tão fácil falar...
vai saber quantas vezes eu mesma respondi
socialmente
a falsos "eu te amo"?
não acho que possa confiar em ninguém.
será que, ao menos em mim?
não sei lidar com indiferença
não sei lidar com essa preocupação tão grande que as pessoas trazem sempre consigo mesmas e tão pouca por sobre
os outros:
aqueles seres todos que vivem fora da gente
(embora todo este relato não passe de preocupação exacerbada comigo mesma, enquanto pessoas choram no Rio Grande do Sul a morte trágica de entes queridos. A morte humana não me emociona. Tampouco a vida, ao que parece)
é claro que não só a indiferença permeia minha vida
tenho fingido bem demais o sorriso para as pessoas suspeitarem da minha
tão imensa insegurança
e falta de carisma
quando se aprende a disfarçar a opacidade dos olhos, torna-se um mentiroso de marca maior.
eis-me aqui
é claro que tanta máscara só podia fazer algumas pessoas mais sensíveis se encantarem
e não, não importa o tamanho do elogio que seja criado e entregue a mim,
não importa a qualidade da rima do poema que eu inspirei,
não importam as tentativas tímidas de me tirar do meu mundinho masoquista
nem mesmo as mais incisivas importam: são vãs do mesmo jeito
não, nada importa
porque quando olho pra dentro, meu espelho particular mostra cada cicatriz que trago n'alma,
e só eu sei do peso que carrego no peito
só eu sei o quanto a música já soube ser,
e da falta que me faz cantar e ficar em paz
desaprendi a extravasar, foi isso que aconteceu
é claro que eu sei que isso tudo é só poesia
qualquer dia passa
o problema é enquanto qualquer dia não chega
ontem: lua cheia não celebrada
hoje: colapso
amanhã: sombras da dúvida
eu: amanhã
e só depois de meio dia, por favor
preciso dormir antes que me esqueça o que é isso
não é infelicidade, não
não mesmo, embora pareça tanto
é tristeza amarga,
feito café sem açúcar que se toma pra ficar desperto
é que eu me recuso a me acomodar na felicidade triste,
sobretudo depois que aprendi que existe a felicidade alegre em algum lugar dentro de mim
o problema é justamente que não sei qual caminho traçar para encontrá-la,
mas não quero ficar parada esperando que ela venha até mim
O violino chora por mim enquanto eu lembro de você. Gesto, há bem mais de nove meses, vontade infinita de dizer que ainda te amo.
Que sinto falta do teu beijo, é claro. Mas a falta do teu abraço (e do teu colo, do teu cafuné, das tuas palavras...) chega a se chamar abstinência: tenho crises. E chego a odiar cada elemento dessa história por isso. Sem deixar de amar nem um pouco, é claro.
É assim: com você, havia um universo em expansão dentro de mim. Eu vivia cheia. Plena, e arrebatada. Prestes a explodir, mas feliz que só. E sem você, estou vazia, mas leve. Ou leve, mas vazia. Depende da hora o que prevalece.
Que viva o que quiser, vá aonde quiser. Que alguém te faça feliz como eu não pude fazer. Só, por favor, nunca esqueça a importância infinita que você tem pra mim. "Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada, mesmo que distante (...) porque metade de mim é amor, e a outra metade também".
Sou uma pessoa apaixonada por arte. Me perco num palco, num museu, numa livraria, num cinema... Passo menos tempo do que gostaria nesses ambientes devido à um triste vício.
Na época em que o facebook estava virando moda aqui no Brasil, achei o máximo. Era uma mistura de orkut com msn com twitter com sei lá mais o quê. Mas foi tomando um espaço imenso na minha vida e, sem que eu percebesse, perdi o controle do tempo que ficava logada. Por incontáveis vezes deixei de ler, de me arrumar com calma, de ir dormir na hora em que precisava, de estudar, de sair na hora marcada, e até de comer só pra não levantar a bunda da cadeira e não desviar os olhos das atualizações.
Dia desses - de tpm, vale dizer - resolvi desativar minha conta. Nesse dia, passei na casa da minha melhor amiga, e ela estava logada. Eu estava sentada ao seu lado, meio dormindo, meio vendo tv e meio lendo os memes que ela lia, vez ou outra. Num dado momento, ela inclinou o notebook para que eu visse o comentário que uma amiga em comum havia postado num dos grupos que eu fazia/faço parte no feice: "Gente, cadê a Zanni?". Eu expliquei que havia desativado minha conta, ao que, outra amiga, respondeu: "Mas, Zanni, como é que a gente vai conversar sobre intervenção urbana?". Não respondi. Chegando em casa, me dei conta do absurdo que era aquela pergunta. Permita que eu explicite a falta de lógica da minha amiga: como vamos falar sobre intervenção artística no espaço urbano, que é algo que mexe com o material, o palpável, o concreto, sem você estar on? Se você não entrar no facebook, como é que vamos ter acesso uma a outra?
Devo ressaltar que essa minha amiga mora no mesmo bairro que eu, há uns 30 minutos da minha casa, andando a pé. Talvez menos. Mas nunca fui à casa dela, nem nunca ela veio à minha. As vezes que mais nos falamos, desde o fim do colégio, foram pelo chat do face. E isso, respeitável público, é triste. Nós temos tanta coisa em comum, tantos ideais semelhantes, tantas vontades de cunho artístico tão possíveis, só precisando de uma boa tarde de conversa para serem postas em ação! No entanto, o que acontece é um eterno protelar dos nossos anseios. Como amigos que se esbarram na rua, depois de muito tempo sem se ver e dizem "vamo marcar de sair, hein!", já sabendo que não vão se ver senão numa outra esquina, por um outro acaso.
Essa história de a minha geração supostamente ser capaz de prestar atenção em várias coisas ao mesmo tempo, faz com que a gente não preste atenção em nada, de verdade. É como virar as páginas de um livro sem ler, e depois ter a audácia de dizer que adorou. E eu sei que isso é clichê, já foi dito milhões de vezes por milhões de pessoas, mas faz tempo que eu vejo todo mundo concordar com os clichês e sentar na poltrona mais confortável que houver por perto. Nunca vi ninguém dizer "caramba, o face ta atrapalhando minha vida. Vou deletar". Não, é mais pra "caramba, o face ta atrapalhando minha vida. Vou postar isso!".
No ano passado, passei por uma revolta contra o facebook que me deixou cerca de 15 dias sem entrar. Mas daquela vez, era relacionada ao fato de o site estar sendo usado como criadouro de egos. Quando voltei a usar, deletei praticamente todas as fotos, e, a partir dali, parei de me expor e passei a usar o facebook do jeito que achei que devia ser usado: como meio de comunicação e ferramenta de divulgação de coisas interessantes. Parênteses: por "coisas interessantes" deve-se abranger desde militância política à poética, e não o que a fulaninha comeu no almoço, ou porque o filho da vizinha da cunhada do teu primo ta #chatiado com a vida (aliás, que vontade de defenestrar esses viciados em hashtag!).
Longe de mim fazer a rebelde sem causa, sugerir que o facebook não tenha sua utilidade. Eu sei que tem utilidade. E muita! Torna possível e barata a comunicação entre pessoas separadas por distâncias geográficas consideráveis, veicula mídias de todo tipo e facilita imensamente a divulgação do trabalho de qualquer artista. E é muito prático combinar o que vai ser do fim de semana enquanto se ouve uma música, enquanto lê um pdf, enquanto ri com um Qualquer-Coisa-da-Depressão. Mas enquanto eu não estou pronta para mandar mais no facebook do que ele em mim, prefiro, digamos assim, dar um tempo nesse nosso relacionamento.
Particularmente, nunca tenho crédito no celular. Nunca mesmo. O número dos amigos pros quais eu mais ligo já ficam até registrados com 9090 na frente, que é pra poupar tempo. Mas, se o preço da minha liberdade condicional são os R$13 do pré-pago, eu deixo de pintar o cabelo e dou o dinheiro da fiança. Aí fica tudo resolvido: me torno comunicável outra vez.
Quando desativei minha conta, tive que me justificar. Vê se pode: ainda tive que dar satisfação pro facebook. Marquei a opção "Isso é temporário. Eu vou voltar", ou algo do gênero. Mas, sabe, acho que passei a perna nele. Talvez eu não volte. To feliz do lado de fora do mundo. To viciada na vida real. É bom conversar com gente que você pode olhar no olho, ouvir a risada, abraçar.
Acho bem bacana se você leu até aqui. O texto é comprido, e olha que eu procurei ser o mais sucinta possível. Tem sido uma experiência bem legal, sabe? Viver no mundo real integralmente... Sem nada virtual pra atrapalhar! Acho que não fazia isso desde os 12 anos.
Não estou bem certa de já ter falado do Infame Lúdico aqui, mas ele já havia postado a tirinha abaixo há algum tempo, e se tornou uma das minhas favoritas.
Recentemente, por pura sintonia, como minha tietagem faz questão de supor, ele postou a tira "Conecte-se", pela qual eu também estou completamente encantada. E é com ela que eu concluo esse apelo: larga o vício, vai?
Quero deixar bem claro que esse post é só pra mim. Leia, se quiser, por sua conta e risco. Mas não vai ser divertido, nem vai gerar nenhuma reflexão em você. Se quiser perder seu tempo, fique à vontade. Se quiser ganhar seu tempo, ouça essa belezinha de álbum da Maria Gadú que ta aqui embaixo. :)
2012 foi um longo ano. Logo em janeiro tive uma experiência maravilhosa celebrando a lua cheia, o que me deu gás para celebrar todas as outras cheias do ano, e algumas novas, também, além dos sabats. Foi um ano de intenso auto-conhecimento, se é que auto-conhecimento ainda tem hífen.
Tentei por em prática um projeto de trupe, mas não foi para frente. É uma ideia que ainda precisa ser bastante amadurecida, mas deixe estar! De todo modo, fiz muita música, e subi o primeiro degrau de uma longa escada contra os meus bloqueios em cena. Ah, e por falar em "cena", conheci, num desses encontros casuais, um grupo que soube reafirmar com maestria a paixão que eu sinto quando piso num palco, quando pego num texto, quando aqueço minha voz. Mudaram minha vida, arrisco dizer.
Cumpri 12 metas da minha lista: terminei de customizar minha parede (aliás, customizei um monte de coisa!), passei pra UERJ, fui ao circo, viajei de avião, trabalhei com teatro, escrevi uma carta para mim (que será aberta em 2022), fiz um dread, cantei num karaokê (bêbada, e fiz 0 pontos), fui num show do Teatro Mágico, li o Manifesto Comunista, joguei boliche e aprendi a meditar. Por pouco não doei sangue: falta de peso me assombrou o ano todo. Superei definitivamente a fase "distúrbio alimentar" da minha vida e agora - veja só que ironia - brigo com a balança para ver se engordo um pouquinho.
O amor ainda não voltou a morar comigo. Tampouco voltou a fazer parte de mim a certeza do que eu penso exatamente sobre o amor, sobre a monogamia, sobre o ciúme e outras mil questões. Talvez o amor até tenha batido à minha porta e, por não te-lo reconhecido, o rechacei. Conheci muita gente, e me permiti mais do que talvez tenha me permitido em toda a vida. E descobri muito sobre mim mesma, assim. Como muito bem cantou Roger, com seu ultraje sempre à rigor, "é melhor se arrepender do que se fez do que não ter tido a coragem de fazer". E foi com uma coragem tamanha que escrevi e enviei tantas cartas, cada uma com seu respectivo pedaço de sentimento declarado. E só obtive respostas lindas, respeitável público! Cresci, sim... Cresci um bocado. Sem de modo algum, é claro, deixar de alimentar minha admiração por Peter Pan, meu eterno herói. Descobri que adoro Woody Allen e Buñuel, e que Almodóvar merece meu respeito. Descobri que cinema é lindo demais. Me apaixonei por Bob Dylan, Jackson do Pandeiro, Novos Baianos e Dorgival Dantas, e até Mallu Magalhães foi ouvida e cantada, depois de tanto preconceito. Descobri que carnaval é legal, que gosto de fotografar, que gosto de tapioca, de morango, de limonada e de suco de laranja. Descobri a Henna, e gostei demais de voltar a ser ruiva. Descobri que curto me meter na cozinha, de vez em quando. Descobri que essa história de feng shui funciona mesmo, e perdi a conta de quantas limpas fiz no meu quarto, de quanto brinquedo, roupa e livro doei. E só eu sei o jeito lindo que a energia achou de reocupar aqueles espacinhos que eu mesma abri na minha vida, instintivamente.
Minhas vontades, no comecinho do ano, eram, basicamente: começar a faculdade, ganhar meu próprio dinheiro e me dedicar à Wicca. Apesar dos três meses de greve, passei a maior parte do meu ano naquele cinza maravilhosamente cheio de cores. Meu trote foi inesquecível, conheci pessoas maravilhosas, e tenho descoberto em mim uma vocação cada dia maior para ser professora. Nada paga a satisfação de ter escolhido o curso certo. Antes do fim do primeiro período consegui um estágio, o que ajudou a cumprir outra meta pro ano: ganhar dinheiro. Outra delícia foi trabalhar com teatro: dois meses vestida de princesa vendo o brilho nos olhos de crianças, ouvir "Aurora, eu te amo" e ainda receber por isso no final da temporada, é orgulho que, de fato, não há quem seja capaz de tirar de mim.
Graças a tal dinheiro banquei minha viagem à Natal, para a formatura da minha prima. Em menos de uma semana pude relaxar do stress que me consumia, descobrir que forró é gostoso demais, e suco de acerola, também. Ah: e que, sempre que possível, faz um bem danado ouvir reggae e olhar o céu estrelado num São Miguel muito do Gostoso ao lado de quem se ama e carrega o mesmo sangue que você.
Foi o ano mais atípico da minha vida. É certo que teve uma dor de saudade que foi bem chata de aguentar. Mas como tudo passa, eis-me aqui, inteira. A tristeza que senti esse ano foi diferente da tristeza que senti durante os outros anos. Foi uma tristeza menos triste, não sei explicar muito bem. Só sei que, ontem, naquela confusão do réveillon de Copacabana, com a minha família do lado, chorei assistindo a lua, que, começando a minguar, co-atuava no espetáculo do céu, que brilhava em cores, e pude ouvir a voz de deus ecoar dentro da minha cabeça dizendo "2013 vai ser muito especial. Se prepara". As sete ondas foram puladas, e com as bênçãos de Yemanjá, os sete desejos serão realizados.