Cheguei. Você chegou antes, já estava preparando meu café. Você me chamava mentalmente de maluca. Eu sorri. Sentei na minha poltrona favorita, aquela preta perto da sua estante de livro. Observei. Observei seu andar. Seus dedos sorrindo ao pisar no tapete. A cintura se apressando para chegar perto do meu corpo cansado. Você finalmente chega. Com o aroma do café. Não sei o que é mais quente, sua boca ou o café. Bebi os dois. Perguntei como foi o seu dia. Não consegui prestar atenção no que falava. É porque sua boca dançava com o som da sua voz. Precisava de um par, pensei. Parei no meio da música. Eu sei você, você detesta quando faço isso. Desculpa, não resisti. E você, de raiva, mordeu meu lábio inferior, parecia dizer "odeio quando me interrompem". Leoninos são assim. Gostam de ser sol. E você parecia um sol, mesmo. Tão quente. Suas mãos subiram pela minha nuca acordando um arrepio no meu braço esquerdo. Você abriu os olhos e sorriu. Tomei um gole de café. Você me observa com olhos de mar, indo e voltando para cada detalhe do meu rosto. Sua mão passa e fica em cima do meu ombro. Você sabe do meu cansaço. Conversamos com os olhos. E esse tempo inteiro, meu braço passava pela sua cintura. Fiquei me sentindo o Niemayer desenhando as curvas da sua coxa, quadril e novamente a cintura.
ps. Sempre fui de sonhar. Mas desde que você chegou, com teus sonhos parecendo os meus, alterei um pouquinho a rota das minhas próprias metas. Sempre sonhei, por exemplo, com o dia de ter minha própria casa. Chegaria cansada e encontraria minha gata miando para mim por comida. Hoje, sonho em encontrar também você, olhando para mim por carinho.
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Obrigada pelo comentário! Vou ler, e depois publico e respondo, ta?