Hoje vi quatro amigos sentados na mesa de um bar. Todos os quatro entretidíssmos em seus respectivos celulares. Não se viam - não viam uns aos outros.
Hoje vi um morador de rua deitado no chão em frente à uma loja - Enjoy, se bem me lembro. Duas moças olhavam a vitrine a dez centímetros de distância do senhor a dormir. Não o viram (nunca os vemos...).
Hoje vi uma mulher com o semblante alterado - provavelmente em função da ingestão de alguma droga ilícita - ser violentamente agredida por um homem que alegava ter sido assaltado por ela. Não souberam perceber que o inimigo de cada um não estava no outro. Por olharem para muito aquém de si mesmos, não conseguiram transcender sua visão limitada. Pela pressa da urbe determinada que corre atrás sem saber do quê, seus olhos não sabiam parar para pensar. Não se viam - não viam a si mesmos.
Hoje, é bem verdade, vi o sol se por entre sorrisos e amigas. Enchi-me de esperanças e ideiazinhas revolucionárias.
Mas ainda martela uma questão na minha cabeça: o que nós estamos fazendo?
sábado, 31 de agosto de 2013
sábado, 24 de agosto de 2013
Suspiro
Texto postado também aqui.
Não sei o que é mais bonito. Se é esse teu olho brilhando o tempo todo ou esse sorriso que irradia felicidade só de ouvir um "eu te amo". Os plurais que você inventas ou você proferindo o meu nome. As sardas pertinho dos teus olhos, tuas covinhas que eu amo tanto ou as caretas que você faz. Meu(s) presente(s) de aniversário ou você limpando minhas lágrimas de ouvir Capitão Gancho. Esse barco (JÁ ESTAMOS A CINCO MESES NESSE BARCO!) ou nosso jeito de remar contra a maré. As canções que me lembram você ou os beijos que ganho sem esperar. Sms o dia inteiro, emails eventuais ou lembranças do nosso futuro descritas em bilhetinhos (e camisas). Os filmes que nós vimos juntas ou os que desistimos de ver pra namorar. Nossas ideias que sempre convergem para a resolução de possíveis divergências ou nossos diálogos que parecem ter sido roteirizados por um autor de renome. A cor da sua pele ou seu jeito lindo de ficar em silêncio e digerir o que te incomoda ao invés de esbravejar. A inutilidade do teu ciúme ou quando você fala que me ama baixinho ao pé do ouvido. Nossas mãos ou nossas pernas entrelaçadas. O cheiro das muitas flores que você me dá ou o teu cheiro. O arrepio que vem quando você me traz, com força e rápido, pra perto ou o arrepio dos cafunés mais delicados. A certeza - maior a cada dia - de que estamos vivendo um filme ou a felicidade de viver no mundo real com gosto de sonho na boca. A receptividade da tua família ou o fato de todos os meus amigos (até os que você não gosta) gostarem de você. Ouvir "ela é linda", "vocês combinam!" ou "ela te faz bem". As cenas que já filmaram ou as que ainda estão escrevendo pra gente. Todo o bom que já foi ou todo o bom que está por vir. Não sei comparar belezas e decidir entre elas. Só sei que toda a beleza que enxergo no mundo tem alguma relação com você.
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"- Nosso beijo tem som de beijo de filme dublado.
- É pro microfone captar melhor."
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"- Nosso beijo tem som de beijo de filme dublado.
- É pro microfone captar melhor."
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Platônico
etiqueta(s):
composição,
passou
Da primeira vez que te vi
não tava nem aí
Você sorriu pra mim
Da segunda vez que te vi
já tava bem aqui
Eu também sorri
E pra te reencontrar
É que eu apresso o passo
Mas eu sou professora
E você é palhaço
Talvez o teu pra baixo
Seja o meu pra cima
Talvez teu dia comece
Quando o meu termina
Mas quem sabe
Eu me encaixo
Na tua rotina
não tava nem aí
Você sorriu pra mim
Da segunda vez que te vi
já tava bem aqui
Eu também sorri
E pra te reencontrar
É que eu apresso o passo
Mas eu sou professora
E você é palhaço
Talvez o teu pra baixo
Seja o meu pra cima
Talvez teu dia comece
Quando o meu termina
Mas quem sabe
Eu me encaixo
Na tua rotina
sábado, 17 de agosto de 2013
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
P/ um casal de velhinhos passeando no Grajaú
Pelos caminhos mais floridos
Eu quero seguir - e vou!
Sem me incomodar em amar
Nem me acomodar no amor
Eu quero seguir - e vou!
Sem me incomodar em amar
Nem me acomodar no amor
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
"normal"
Quase por inteiro empoeira
o coração
toda e cada vez que um pedinte
me estende a mão.
Foge-me dos olhos
sempre um infinito não.
Nasce em mim, por dentro,
dor à qual não dou vazão.
O cotidiano me adoece
até a visão.
Deixo noutros planos,
fora dessa encarnação
diferenciar o normal do habitual.
Não banalizar,
me humanizar,
ser mais normal.
Longe da noção tão triste
de normalidade
que 'inda persiste
Nessa escrota sociedade
Longe do desejo
ironicamente pobre
De ter rimas ricas saindo
Dos meus confins
Anseio muito pela métrica,
belas rimas, tudo, enfim.
Mas ansear nada adianta
Nem jamais adiantaria
coração vazio
nunca rimou
com poesia
(e mesmo
o coração cheio
não enche cabeça vazia)
- de boa intenção
o inferno ta cheio!
- diz a gente
Mas quisera ser intenção
de um jeito assim
mui diferente
ser algum dia
quem só paz
irradia
à barriga vazia
que não faz
poesia
à barriga vazia
que jaz sem
poesia
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