Dia desses lotei uma página do meu diário com questionamentos direcionados à mim mesma. Não consegui responder nenhum. Parei pra pensar agora e tenho mais alguns pra coleção. Sem qualquer pretensão de alcançar conclusões definitivas, deixo aqui as novas perguntas e umas linhas de raciocínio sobre elas. Decerto a ninguém interessará essa bobageira de crise de menininha de 15 anos (embora eu já tenha aniversariado um tico mais que isso), mas vou postar assim mesmo.
Por que desativei meu facebook?
Por que criei uma página para o blog no facebook?
Por que meu perfil no blog não diz quem eu sou?
No dia em que desativei aquele troço, compartilhei uma imagem que dizia "EU ESCOLHI A BRUXARIA". E ta certo, escolhi mesmo, há uns quatro anos. Mas ainda não sou mais que uma neófita. Ainda conheço pouquíssimo para considerar a mim mesma uma bruxa, e o mais perto que já cheguei de uma dedicação foi no ano passado, tendo deixado a celebração da última lua cheia do ano pra lá. Ou seja: sou uma curiosa preguiçosa, por assim dizer, da bruxaria. E a preguiça tem sido mais praticante do que a curiosidade. Pois me diga: qual a necessidade de uma neófita compartilhar aquela imagem? Exibicionismo, concluí. Não consigo convencer a mim mesma que sou uma bruxa! Por que então essa necessidade de convencer/provocar os outros?
Vejo pessoas agindo tal e qual eu percebi ter agido naquele momento. Essas pessoas e eu, com essas atitudes desnecessariamente expositivas, me fizeram desativar aquele facebook cheio de gente falando quase sempre coisas que não vão fazer crescer a ninguém - nem a si mesmos, nem a mim, nem a qualquer um que leia.
Criei a página para o blog no intuito de (me) expor, de certa forma, mas já não se trata, aqui, de uma exposição gratuita de mim - "Luísa" -, uma exposição gratuita do meu ego. Nem sequer uma exposição do que penso, já que exclamo menos do que pergunto. Mas uma exposição do que crio ou experimento, do que acho que vale um tempinho da reflexão de outrem ou do que penso que pode alegrar o dia de alguém que está geograficamente distante de mim. Acho incrível essa potencialidade da internet - a de tocar à distância - e quero aproveitá-la.
Há gentes em excesso querendo mostrar o que criam ou experimentam, e isso gera uma saturação no buraco negro que é a internet que quase me põe claustrofóbica.
Sou indefinida e inacabada, como todos. Estamos sempre à mercê do dia seguinte: sujeitos a sermos berço de uma característica até então inédita em nós, e por isso não somos capazes de definirmos a nós mesmos.
Eu não sou capaz de me definir. Essa perspectiva destroça a necessidade de um ego e a necessidade de exposição de qualquer coisa que eu seja, já que eu não sou "coisa" nenhuma, efetivamente.
Ta dando pra entender?
To achando que essa história de se individualizar, se nomear, ser o avesso do anônimo é que pariu o egoísmo. E isso ainda vai acabar destruindo nossa razão - se é que ainda temos alguma.