segunda-feira, 26 de maio de 2014

Bons ventos trarão a verdade

Curioso como a trilha que eu compus para um ex amor se adeque tão bem a outro ex amor.

Fosse noutros tempos, eu faria questão de ir te perguntar que foi que eu fiz pra simplesmente não ser tratada por você. Você que sabe perfeitamente o quanto eu detesto mais que tudo ser ignorada - porque destratar alguém é agir sob raiva mas ignorar alguém é brincar de considera-lo nada. E ninguém merece ser alvo de uma suposta invisibilidade. Você que sabe que eu não ignoraria nen meu maior inimigo (caso eu me desse ao luxo de ter inimigos).

Mas hoje sua ignorância não fere sequer meu ego. Talvez eu esteja mais madura desde o fim daquela história tristemente linda que eu tive a oportunidade de protagonizar tres años tras. Talvez eu tenha até me tornado menos sensível.

Mas eu tendo a crer que minha quase indiferença tenha a ver com o fato de, dessa vez,  eu trazer minha consciência absolutamente limpa.

Olho na tua cara e já nem te reconheço, o que também tem lá seu lado bom: aquela criatura a quem eu mil vezes declarei meu amorzinho ainda é de caráter intacto na minha memória.

Como a memória é cuidada pelo reino do Passado, importa menos o que é real do que aquilo que se lembra.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

la vida es circo

te veo
me ves
no nos miramos

otra gente
te aprieta las mejillas
a otra risa suenan
tus chidas cosquillas

otras amigas
de otra novia
? otra madrina?

cambio de opinión
(incluso política)
(si ustds supieran
cuántas q están equivocadas...)

no te extraño
pero te pienso
- !no lo niego! -

es que eso es raro...
el tiempo pasa, las cosas cambian
y lo que ya fue un solo corazón
hoy son trocitos de planetas diferntes
ineditamente combinados bajo la luz de un nuevo día.
un nuevo rompecabezas, una nueva cuerda floja.

domingo, 18 de maio de 2014

A vida é um observatório da própria vida

Há alguns dias, lembro-me bem, descia as rampas da faculdade acompanhada de dois amigos. Ríamos à toa, falávamos amenidades - a prova de fonética, aquela professora louca, etc. Eu estava frágil naquele dia. Frágil a ponto de não entender que, ao final das rampas, era natural que cada um seguisse seu caminho. O rapaz foi para o metrô. A moça foi para um ponto de ônibus do outro lado da rua. E eu me vi só.

Eu me senti só.

Senti o peso da solidão caindo nos meus ombros como se meus ombros sustentassem ali todo o firmamento. (A solidão é de um azul escuro como o azul escuro do céu quando é noite. Mas sem o pontilhado de estrelas. E azul escuro sem estrelas PESA.)

Voltei pra casa fragilizada e desesperadamente solitária. 

Dias passaram. Na tarde de hoje, estive em uma bela biblioteca com uma amiga. Mergulhamos cada uma em diferentes corredores que se dispunham lado a lado - ela, no que se via escrito "cinema" e eu, no que se via escrito "teatro". Nossa entrada simultânea nos diferentes corredores parecia ter sido coreografada. A risada foi inevitável. Me senti acompanhada.

Não porque houvesse alguém ao meu lado, mas porque havia a possibilidade de recorrer a alguém caso fosse necessário. Pode ser bobeira, mas aquele instante foi precioso. Entendi o seguinte: é natural cada um seguir o seu caminho. Cada um mergulha no corredor em que se vê escrita a palavra que lhe apraz. Mas os corredores estão todos dentro de uma mesma biblioteca, então, sempre acabaremos esbarrando com aquela amiga que tanto se precisava encontrar. 



sábado, 3 de maio de 2014

Geração-manifesto-frivolidade

Não, não, não, não, eu não consigo. Não acho que sexo obrigatoriamente tenha a ver com amor nem sou ninguém pra julgar quem lida com sexo de maneira leviana - cada um sabe de si. Mas eu não consigo achar que é só uma questão de pele. Sem olhar, sem arrepio, sem um encaixe absoluto e um certo afeto não dá, não dá, eu não consigo. Não me entenda mal: adoraria conseguir. Imagino que seja uma questão de entrega. Talvez eu só não esteja bêbada o suficiente, mas você está. E minha saia - é bem provável - é suficientemente curta pra você achar que eu tenho uma relação bem mais simples com o meu corpo sob o corpo de outras gentes. Mas ao contrário do que disse Elis naquela música que tocou agora há pouco, meu caro, as aparências enganam sim.

Sinceramente, nem o beijo assim, invasivo, faz sentido. Sem conversa, sem um flerte, sem - talvez, sei lá - suas mãos passeando lentamente pelo meu pescoço. Gosto dos seus olhos, da sua barba, da sua maldita blusa xadrez que me fez te perder no meio de mil caras de blusa xadrez. Gosto do seu beijo, até. Não me entenda mal. Mas não o suficiente para querer te beijar de novo, por exemplo - apesar dos seus olhos. As pessoas quase nunca lembram disso, mas um beijo é algo peculiarmente íntimo, e eu gosto muito dessa palavra - "íntimo" - porque ela diz exatamente o que eu quero dizer. É como se a palavra entrasse em mim quando eu a profiro: íntimo. Depois, ela escorre pelos cantos da boca, como escorre doce pelos cantos da boca de quem se delicia.

Quando eu pergunto quem é você, tudo bem se resumir em "João". Mas isso é muito vago, entende? Minha pele não quer saber teu nome. Meu corpo não ta interessado na faculdade que você faz. Eu queria mesmo era saber sua cor favorita, saber se você chora quando vê um filme triste, se acredita em deus e qual música você mais canta enquanto toma banho. Bacana você morar perto de uma saída do metrô em Copacabana, mas, sinceramente, acho melhor você procurar outra menina de saia curta pra te acompanhar na volta pra casa. Boa noite.