terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Meu Eu é lírico

   Não me dou bem com números. Estatísticas, fórmulas, casas decimais e gráficos não são para mim. Minha má relação com o raciocínio lógico não é de hoje, nem se resume, simplesmente, à matemática. Estou longe de ser a pessoa mais indicada para explicar reações químicas, enzimáticas, escalafobéticas, ou algo semelhante. Não sirvo para memorizar processos de desenvolvimento de seres microscópicos no corpo humano. Tampouco sou capaz de compreender as rixas no Oriente Médio, ou no meu próprio país, sendo bem sincera. Nem de criar uma linha do tempo mental que me contextualize historicamente e torne meu estudo mais direcionado, claro e lógico.
   Não tenho lógica. Desconfio do que é lógico. Não faço sentido. E espero que não esperem que eu faça.  Não sigo raciocínios lineares, nem estabeleço nenhum nexo com o mundo em que vivo. Entre razão e emoção, sou inundada pela segunda. Sou hiperbólica, metafórica, exclamativa e interrogativa. Nitidamente paradoxal. Sempre reticente, nunca pontual. Me inexplico em verso e prosa, porque as palavras assumem a forma que quiserem a partir de mim. Não faço parte do que se enquadra. Parafraseio e intertextualizo, mas não sou cópia. Sou texto alheio de autoria própria. Sou rima sem intenção. Eu sou aquilo que vem pra gerar dúvida, e não para responder. Mas não sou filosofia. Não posso ser seguida, nem refletida, porque estou decidida a ser indecisa para sempre.
   Sou rascunho de palavra. E como autora que crio do rascunho que sou, anseio deixar logo o status de rascunho e alcançar o estágio “obra”. Quero ser uma palavra. Mas não qualquer palavra, porque toda palavra é limitada a partir do momento em que ganha sentido. Não quero, por exemplo, ser a palavra “ilimitado”, porque o limite do ilimitado é não ter limites. E eu quero o direito de escolher ter ou não limites.
   Quando eu for palavra, hei de ser aquela palavra que me permita formar todas as palavras que quiser no futuro, ou em qualquer tempo verbal. Serei palavra, enfim, se for a palavra que, semelhante a “infinito”, não cabe nem na imaginação humana. Pena que infinito já tem sentido agregado, e está fadado a ser só infinito desde sempre e para sempre. Eu quero ser o que está por estar por vir. Serei a única palavra que é matéria prima para todas as outras que esperam ser forma(n)das. Ainda sou pauta em branco. Mas em breve, serei Letras.

sábado, 19 de novembro de 2011

Luísa Zanni alterou seu status de relacionamento

Muito estranho - Nando Reis

(agradeço à Luna, que me ensinou a usar um player decente no blogger)

   Diz-se por aí que o amor é cego. Talvez porque o amor seja de uma beleza tamanha que nos torna capazes de abstrair os defeitos da pessoa amada. Sem perceber ou se importar com defeitos, cada detalhe salta aos olhos, torna-se lindo, e faz meu amor renascer a cada segundo, sem que em nenhum momento tenha morrido. E eu adoro cada atitude despretensiosa tua, que me torna ainda mais apaixonada por você a cada olhar. Sorte a minha que amor é coisa que preenche sem ocupar espaço. Se não, meu amor teria se alastrado por mim e me estilhaçado em mil pedacinhos na primeira vez que eu te beijei. Ou melhor, na primeira vez que você me beijou. Falando nisso, adoro quando você me puxa pra um beijo. Isso causa uma espécie de pausa no meu raciocínio e me impede de tomar qualquer atitude contrária à tua. O que é, lançando ao vento minha modéstia, uma prova da sabedoria do meu inconsciente. Afinal, convenhamos, negar um beijo teu não é atitude das mais inteligentes.      
   Adoro a reação do meu corpo ao teu toque. Adoro as tuas mãos deslizando pela minha pele. Adoro não precisar ter pudor nenhum em te informar que adoro que você saiba sempre exatamente como, quando, onde e o que eu quero. Adoro aqueles instantes em que a gente fica só se olhando, e de repente você fala "oi, tudo bem?". Adoro quando você me liga e diz que "não tem nada pra falar" porque eu sei que depois disso vem algo como "é só porque eu tô com saudade, mesmo", ou "só que eu te amo". Adoro as segundas-feiras que tem você no final da aula. Adoro noites interrompidas pela tua imagem na minha cabeça. Adoro quando eu quase me desvencilho de um abraço e você me aperta mais forte do que antes. Adoro como meu abraço anseia o teu. Adoro as tuas cartas. Adoro o teu colo. Adoro, meu deus, como adoro teu cafuné! Adoro as tuas tentativas de disfarçar ciúme sobre gente que nem me importa mais... Adoro quando eu falo qualquer coisa que te deixa sem graça e você desvia o olhar do meu com um sorriso lindo e discreto nos lábios. Adoro as músicas que nos unem. Adoro o seu instinto assassino ao ver um mosquito. Adoro quando você segura a minha mão e sabe que isso diz tudo o que nem as palavras conseguiram dizer sobre a gente. Adoro tudo que a gente construiu até aqui, e adoro a expectativa do que ainda pode vir. Queria te dar a exata noção do quanto sou capaz por você e, melhor ainda: com você. Contrariando Manuel Bandeira - com todo o respeito - embora o meu corpo tenha, sim, verdadeira devoção pelo teu, é na minha alma que fica guardado o meu amor pela tua.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Existe razão

   Ando meio distante da lua e da brisa, é verdade, mas não é por desleixo. Minha distância é filha da soma da falta de tempo com a falta de criatividade que tem me perseguido ultimamente. Não tenho escrito nada  digno de ser compartilhado, e achei interessante compartilhar algo que não fui eu que fiz.
   Claro que todo mundo conhece Legião Urbana, e se nunca ouviu Faroeste Caboclo  até o final, tá perdendo uma música fantástica sabe que é aquela música de quase 10 minutos. E, faz um tempinho, já, eu achei uma animação muito sagaz da música, onde é trabalhada a ilustração literal de cada verso. Acho que Renato se orgulharia. Acho também que esse tipo de produção deveria ter mais espaço. Espero que les guste.


Enquanto isso, na vida real, eu preciso respirar fundo e ir com tudo pra semana de provas. Adeus, Ensino Médio! A carta de alforria já tá quase pronta.

domingo, 30 de outubro de 2011

Minha sorte

Me questiono
Até que ponto é minha a culpa,
E abandono
Minhas vontades mais insanas

Tenho gana
De mandar tudo para o ar
E ir embora
Antes que a lógica do mundo
(noves fora)
Venha aqui tentar me matematizar

Me movimento
E finjo crer que sou tão livre
Quanto o vento
Que não se importa pra onde vai,

Que quando sai,
Parece fuga quando na verdade
É medo
De assumir que quer crescer,
Mas tem apego
Ao jeito pueril-poeira de viver

sábado, 1 de outubro de 2011

Maquiagem de palco

Depois de assistir os vídeos da Shakira no Rock in Rio, morrendo de vontade de ter estado lá, só poderia escolher Inevitable pra acompanhar esse conto.

   Era um espetáculo infantil. Ela se destacava na platéia por não estar ali acompanhando uma criança, e sim, sozinha, no fundo do teatro, vendo a peça por vontade própria.
   Também por vontade própria, ela aplaudiu de pé, com força, ao final do espetáculo. Lágrimas rolavam pela pele clara, como prisioneiro que foge enquanto o sentinela dorme.
   E também como prisioneiro, sorrateiramente ela deixou o lugar, pois não havia mais nada a ser vivido ali. Mas eis que, no caminho, sente um toque em seu ombro. E ao virar-se por instinto, dá de cara com ele, é claro.
   - Obrigada por ter vindo - disse-lhe, entre cauteloso e ofegante.
   - Não tem de quê! Eu adoro teatro - pausa - Você é um ótimo ator. Parabéns. - retrucou em tom blasé, tentando disfarçar a surpresa com cinismo.
   - Para com isso, vai.
   - Não. Para com isso você. Para de tentar me fazer acreditar que tem jeito. Para de prometer retorno sabendo que eu vou esperar e que você não pretende cumprir suas promessas. Para de fingir que faz questão de mim quando não faz. Para de criar um clima de proximidade onde a distância impera. - cai uma lágrima - É uma pena que eu te ame, mas o fato é que amo, e ponto. Já entendi que quanto mais eu tentar bater de frente com o que eu sinto, mais eu vou sofrer. Já aceitei meu fardo: te amo. Te acho incrível! E vou te ver crescer de longe, você nem vai me notar. Não quero atrapalhar sua vida... Não vou mais exigir que me dê atenção. Nem esperar que se importe com o silêncio ao qual submeto o meu amor. - ela ponderou e se corrigiu - Quer dizer, lá no fundo, na verdade, vou sempre esperar que você corra atrás de mim e que faça por merecer minha confiança. Porque eu te amo, e todas as expectativas do amor partem do desejo de ser correspondido. Mas tudo bem, você é mais importante pra mim do que eu pra você. Ninguém tem culpa disso. Eu te amo, e daí? Acidentes acontecem. E a minha vida não está fadada à infelicidade por um sentimento extraviado.
   - O que você quer? A gente marca de sair, você escolhe quando e onde, a gente pode...
   - PARA! - eles se entreolharam, tristes - Chega! Eu não vim aqui pedir nada, tá bom? Não ia nem falar contigo. Vim aqui pra te ver em cena, só isso! Você pode me considerar uma fã, mais nada. Pode fingir que essa conversa nunca aconteceu, não faz diferença. - ela desistiu de conter as lágrimas, e tirou da bolsa espelho e maquiagem - Mas já que eu comecei a falar, me deixa terminar. Só ouve, tá? - o choro cessou - Sabe, a gente não escolhe a quem amar - passou corretivo sobre o rímel borrado - O amor é um negócio que acontece quando a gente tá desatento. E quando a gente se dá conta, pronto. O amor já se instalou em você, e não tem feitiço que faça ele se desinstalar - retocou o delineador tentando conter o tremor nas mãos - Às vezes o mesmo amor brota em duas vidas diferentes, e é bom. Às vezes o amor por alguém não vinga no outro, e aí é ruim pra quem ama, porque sofre. Amor é gratidão, admiração, lealdade, respeito, confiança. Mas amor é ciúme, também. É cobrança, é expectativa. Quando se sofre por uma paixão platônica dói, porque não é bom querer alguém que não te quer. É um soco na auto-estima. Mas tudo que envolve amor, dói mais. O amor é gêmeo siamês da amizade. Um não existe sem o outro. E dedicar a sua amizade a alguém que não tem tempo pra você, é de dar pena. Só que eu cansei de ter pena de mim por sua causa. É muito desgastante cuidar do meu sentimento por você e ainda ter que cuidar do seu sentimento por mim. Eu vou continuar a minha vida, porque nada nesse mundo é capaz de me parar. E vou ser muito feliz, porque vou fazer por onde. Vou desejar sempre que você tenha calma, sonho, força e sucesso - exagerou no blush pra disfarçar a palidez. - E se algum dia você quiser, pode me procurar, pra dividir uma alegria ou uma tristeza. Mas, ó, não precisa fingir que é recíproco não, tá? Se não, vai ficar difícil te amar assim, de graça, como eu tô começando a tentar fazer. Te cuida - guardou a maquiagem de volta na bolsa e saiu andando sem olhar pra trás.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

sem título #2

   Ganhei, no ensino médio, um motivo a mais para acreditar na educação do meu país. Ganhei um estímulo para ignorar as caras tortas que me olham quando digo, sorrindo, que quero ser professora. Ganhei uma esperança equilibrista cheia de Graça.
   Ave, Maria! O senhor é convosco, e minha gratidão também. Bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do teu trabalho: consciência.
   Ave, Maria! Somos todos soldados, e o magistério tem mais poder que mil armas de fogo. E se é de batalhas que se vive a vida, vamos à luta! Amanhã vai ser outro dia.
   Ave, Maria! Que tua Graça se espalhe pela maior extensão que conseguir, e que se entrelace com tantas vidas  que, como a minha, estão apenas começando. Bendita sois vós entre as mulheres, bendito é o fruto do vosso ventre: formando. Verás que um filho teu não foge à luta, Maria. Porque o sonho é importante feito oxigênio para os raros de alma jovem. E um sonho que se sonha só, é só um sonho. Mas um sonho que se sonha junto, entra pra história.

Aquele abraço!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

sem título #1


- O que você quer?
- Quero que me leve pra conhecer cada cantinho do mundo, e que me encoraje a enfrentar cada medo meu. Quero que me lembre do quanto eu sou forte e, que quando eu não lembrar de jeito algum, quero que me proteja das minhas fraquezas. Quero que saiba diferenciar a minha tpm-isolamento da minha tpm-carência. Quero que me ache linda segunda feira de manhã, de cabelo bagunçado e sem maquiagem sobre as olheiras, com nariz inchado de quem espirrou trinta vezes em cinco minutos. Quero que discuta comigo coisas importantes, quero que dê o braço a torcer quando eu estiver certa e que me contrarie carinhosamente quando eu estiver errada. Quero que conte comigo para tudo, e que nunca deixe de ver uma amiga em mim. Quero que tenha por mim o sentimento incondicional que uma mãe dedica a um filho, e que me beije do jeito mais colado possível, como se nós nos transformássemos num corpo só. Quero que seja firme, mas sem jamais deixar de ser terno. Quero cafuné quando não estiver esperando.
Quero que não dê atenção para possíveis mudanças repentinas de humor e que me impeça de começar brigas. Quero que não solte da minha mão, quero que não ameace ir embora, e mais que isso: quero que não queira ir. Quero músicas, quero serenatas, quero cartas, quero ursos de pelúcia gigantes segurando um coração escrito “eu te amo”, quero beijos roubados debaixo da chuva, quero caixas de bombons, quero buquês de flores, quero andar de mãos dadas na rua, quero um porto-seguro para o resto da vida. Quero um romance a moda antiga, digno de filme. Quero um conto de fadas. Você tem um pra mim?
- Não.
- Tá... Serve um beijo, então.

domingo, 18 de setembro de 2011

Curta a temporada

   Gosto de palcos. E desde que comecei a aprender a me portar num palco, sempre houve, no final do período, um único e especial dia de apresentação. E eu dava graças a deus por haver um único dia. Como sabiamente diria Caetano, "tudo é uma grande explosão, mas parece que não quando é o segundo dia". Pensava que a magia vivenciada no dia da estréia jamais seria alcançada em apresentações posteriores. Mas eis que veio o segundo dia, o tal "dia da bruxa", dia em que todo o elenco relaxa, e erros são cometidos. E eis que a bruxa apareceu para todos, menos pra mim, que me diverti como uma criança, e não errei nenhuma nota, nenhuma deixa, nenhum verso, nenhuma marcação. Chegou o terceiro dia e, com o humor pra lá de Marrakesh, não consegui curtir o espetáculo embora tenha feito tudo de acordo com o ensaiado. Mas como cantar faz mais bem pro corpo que qualquer remédio, terapia ou conselho, o humor ficou no ponto certinho pra eu viver o mais intensamente possível cada segundo do quarto e último dia de apresentação, dia que fui mais feliz do que muita gente consegue ser pela vida toda. E depois desse dia não sobrou nenhum sentimento de "eu podia ter feito melhor", porque eu tive quatro chances de fazer diferente, e soube aproveitá-las.
   Valorizava essa efemeridade também nos relacionamentos em geral, pois, seguindo a mesma lógica, uma relação não seria capaz de gerar duas vezes o mesmo auge, então é melhor desistir dela logo após seu auge, porque depois disso, teoricamente, só viria dor. Mas, sem querer apelar pra filosofia de banheiro feminino, depois de um mal, pode vir um bem em dobro, em triplo, em quádruplo. E esse bem tantas vezes multiplicado, só o somatório entre tempo e persistência é capaz de produzir.
   E é claro que todo espetáculo uma hora ou outra sai de cartaz, e que relacionamentos eventualmente acabam, e que todo fim de coisa boa deixa gosto de saudade. Mas é fato que o tempo de duração é válido se o elenco souber aproveitar todas as deixas para ser feliz.
Se meus conselhos tiverem serventia e você por acaso se deparar com um anúncio de amor em cartaz, vá até a bilheteria, pegue lugar na primeira fila,e  não tenha pressa pro espetáculo acabar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Ao Teatro

Para ler ouvindo: Grão de Amor - Tribalistas

   Chorei quando me vi frente a você pela última vez. Chorei de saudade antecipada, chorei pela vontade que vou ter de ter você na minha vida nos próximos meses. Como é que eu vou fazer pra ser melhor a cada dia, sem você pra me mostrar o melhor meio toda semana?
Se não choro de desespero, é graças a você que me ensinou. Hoje eu consigo enxergar que esse afastamento provisório entre nós pode fazer parte de um plano criado e guiado por alguma energia superior que sabe o que é melhor pra mim.
   Ainda não me sinto pronta pra caminhar sozinha, e acho que vou correr de volta em sua direção na primeira oportunidade. Mas sou grata pelo tempo que pudemos estar juntos, e pela sua paciência comigo, me apoiando em vários momentos e me deixando solta em tantos outros. Sou grata a você por me orgulhar de mim, porque você me fez criar motivos para me orgulhar, me ensinou a nunca parar de buscar novos motivos.
Eu te amo tanto que me dói a fundo esse afastamento forçado, mas aprendi tanto contigo que estou pronta pra ver se estou pronta pra por um pé no mundo adulto.
E te prometo, meu bem, te juro amor eterno. De joelhos, se preciso. Sem medo nenhum, tamanha é a certeza  que tenho de que o meu sentimento é incondicional. E a certeza da recíproca me dá força pra seguir sem você até o dia de poder te ter de novo.
   Não sei se sou capaz de amar alguém com a veemência e a constância que te amo, até porque não sei se mais alguém no mundo é merecedor do amor perfeito que eu tenho por você.
Vou ficar longe por um tempo, amor. Mas levo o que aprendi contigo tatuado na minha alma e deixo no ar uma promessa: eu volto.

PS. "Grão de Amor" é a música que o Teatro me mandaria como resposta após ler minha carta, caso fosse gente. Com certeza.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

"É preciso exclamar pra que a realidade não canse"

Para ler ouvindo: Scracho - A seu tempo

   Sei bem que não tenho me dedicado ao blog conforme tinha planejado, e o motivo não é uma louca aplicação ao colégio - o rubro boletim que está por vir que o diga. E faço questão de deixar claro que não me orgulho do suposto esquecimento sobre o blog, tampouco do rubor do boletim que virá, mas me orgulho da vontade de citar Clarice: "ser feliz me consome muito".
   Não houve nenhuma mudança de nível cósmico na minha vida desde os tais 18. Mas tem algo de diferente em mim, eu sinto. Como se a Vontade-de-ser-forte tivesse se tornado em Certeza-de-ter-força. Não estava feliz, sei que não. Tanto quanto sei que agora estou. Minha angústia não fez as malas e fugiu, como por anos desejei. Suas roupas estão guardadas no armário e ela está quietinha na cadeira de balanço, fazendo carinho na minha gata, que descansa. Meu Sonho tá é muito acordado, brincando de roda com a minha Alegria, que parece feliz por ser bem vinda em casa novamente. Minha Tristeza foi dormir, tadinha. A Preguiça andou estudando bruxaria e lançou um feitiço na coitada! Minha Compulsão Criativa cutucou meu coração, que, não sei porque, resolveu andar acompanhado de propostas que mesclam wicca, budismo, metamorfoses ambulantes, non-regrette-riens, e uma vontade insana de ser feliz, bem feliz. Parafrasear Piaf, Raul, Mário de Andrade e Pixinguinha ouvindo Scracho não tem explicação. Está tão certo como dois e dois são cinco, e quem irá dizer que não existe razão?
   Quero passar por vários mundos, adentrar nos que me apetecerem, ficar por lá o tempo que quiser, e voltar pra casa quando sentir saudade das pantufas e dos ursinhos de pelúcia. Como já fiz a faxina que tinha me proposto a fazer, e ainda trouxe um botão de rosa bem bonito pra pôr em cima do piano, me despeço de casa novamente, exclamativa. Mas, é claro, deixando portas e janelas bem abertas, que é pra arejar a rotina.

Lilás

Punha-se a pensar nela, na esperança vã de que ela se materializasse na sua frente.
Beijo ansioso pra acontecer... Era amor.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Marani

(Poema escrito dia 28.07.2010, quando meus pais disseram, finalmente, que eu poderia ter uma gata.)
Falo algumas bobagens,
me esqueço de sorrir
De vez em quando um passo em falso
deixo a lágrima cair.

Escrevo, canto, entro em cena,
tenho vontade de sumir
Idealizo cada coisa
e saio andando por aí

Me desespero e tranquilizo,
piro no show da Anahí
Agradeço sempre à Deusa
por ter chegado até aqui

Leio livros até a metade,
passo noites sem dormir,
entre outras coisas que faço
enquanto espero Marani

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Acorda pra vida!

   Andei pensando sobre definições, e empaquei na definição de amor. Caraminholando, lembrei de uma frase de Millôr Fernandes que diz: "o recém nascido é a prova de que Deus não desistiu do ser humano". Por achar este um pensamento lindo, caminhei até o mais profundo dele e, daqui, completo: cada dia é um renascimento. Cada despertar é uma prova de amor.
   Quantas vezes a gente vai dormir cansado, triste, brigado com alguém, decepcionado consigo, ou, pela razão que for, com vontade de não acordar nunca mais? Menos dramático que desejo de morte, que nos acomete por vezes, preguiça de ter coragem pra mais um dia, depois de tantos outros, num mundo onde o pão é caro, e a liberdade, mais ainda. E mesmo assim, entre o xingar o despertador e o levantar da cama, acordamos. Às vezes nossos olhos ainda oscilam, o bom humor hiberna, mas, de qualquer forma, jogamos uma água fria no rosto e vamos, ainda que no piloto automático, enfrentar mais um dia, na cara e na coragem.
   Quer prova de amor maior que essa? A fé parece brincar de pique-esconde conosco e, ora bolas, todos sabem que "suicídio" é um termo técnico para "ponto final". No entanto, aderimos às vírgulas e, ah, tá bom, vamos brincar de pique-esconde, então. Tá comigo!
   Com o desenrolar do dia, da semana, dos meses, termina a fase de hibernação do bom humor, fazemos as pazes com quem havíamos brigado - família, amigos, amores e espelhos -, descobrimos que a fé se escondia a um palmo do nosso nariz o tempo todo. Então saímos à luta contra essa inflação abusiva sobre o pão e a liberdade.
   Ir dormir sem vontade de acordar, e acordar mesmo sem vontade é coisa que precisa de coragem. É prova grande de amor-próprio. E, para os que creem, é prova de que Deus nos deu outra chance, outro dia, mais vinte e quatro horas pra gente usar como bem entender. E em seguida, outra noite pra dormir, pois é necessário descansar depois de um dia inteiro, mesmo que ele tenha sido lindo a ponto de não querermos que chegue ao fim.
   Cada dia em que acordamos, é prova óbvia de que somos capazes de enfrentar mais um dia. A natureza não é burra de deixar alguém incapaz de ser bom solto por aí. Acordar é prova de que Deus não desistiu da gente, e prova de que a gente concorda com ele. Concordar com Deus só pode ser amor.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Divisão total de bens

   Eu queria poder dividir tudo contigo pra sempre. Eu queria não me sentir uma idiota por acreditar nessa besteira da nossa amizade ser eterna e eventualmente levar a sério o tal do casamento aos 30. Eu queria não ter que me odiar por gostar tanto de você. Eu queria que você se esforçasse um pouquinho mais pelos outros e parasse com esse egoísmo besta. Alguma vez na sua vida você pensa em alguém além de você? Alguma vez na sua vida você foi realmente foi sincero com teu suposto carinho, amor e atenção direcionados a mim? Ou foi tudo só um alento à pobre menininha carente de atenção? Dispenso caridade, obrigada. Tenho amigos que me dão amor de graça, independente do estado de espírito deles naquele segundo, e são eles que merecem essa mesma atenção, não você.
   Sei muito bem que essa história me abalou tanto porque me pegou no olho do furacão: tpm. Mas você não sabe disso. E nem vai saber. Porque, hormônios culpados ou não, você me magoou mais de uma vez, e dessa vez foi a gota d'água. Você me magoou feio e nem se deu conta, aposto.
   Não me importa o quanto você estava triste. Você não foi capaz de perceber o mal você estava me fazendo de novo, pelo mesmo motivo. Existe uma coisa chamada altruísmo, coisa essa que você desconhece, e eu não sei ser amiga de gente assim. Até tentei, como você pode ver, mas me machuca demais e hoje eu tô aqui te dizendo tchau. Esse tchau pra sempre, que chamam de "adeus", mas "adeus" é dramático demais e você não merece o meu teatro.
   Meu orgulho não acha que você mereça saber mais nada de mim, muito embora você seja uma das pessoas com mais potencial pra mudar o mundo que eu já conheci na minha vida. Quer se afundar na sua tristeza? Aproveite. Eu não vou mais estar por cima do poço te oferecendo a mão, o braço, os dias, as semanas pra te ajudar a vir pro lado de cá. O pior é saber que você nem vai ligar pra nenhum sinal meu, nem que seja um outdoor com com letras vermelhas e pisca-piscas gritando "DÁ PRA ME DAR ATENÇÃO?". Nada que eu faça pra você perceber que me machucou nunca faz diferença até eu correr atrás de você de novo. Aí você se desculpa, eu te desculpo, e fica tudo certo, até você errar de novo. Só que dessa vez não vai ter "de novo". Eu cheguei no meu limite.
   Meu erro foi achar que eu valia tanto pra você quanto você pra mim, e não vou errar de novo outra vez novamente. Não com você. Obrigada por toda a caridade e boa sorte se quiser encontrar uma amizade como a minha por aí.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Rent

Dentro de mim moram três pessoas: duas brigam enquanto uma reza por paz.

(Vale a pena ouvir: Seasons of love)

domingo, 24 de julho de 2011

Canção sob medida

Música:


Letra:
Moça do brilho nos olhos
Cantando lhe imploro
Que cante comigo

Lembre que dentro do espelho
É onde mora um velho
E grande amigo

Voe, abra as asas
Voe, feche os olhos
Cante, me faça voar

Conte tua história
Conte comigo
E cante que eu quero escutar

Faço uma canção sob medida pra você
Quando fizer frio ela pode te aquecer
Há milhões de palcos só te esperando subir
E uma plateia ansiosa pra assistir

Teu vôo, abra as asas
Voe, feche os olhos
Cante, me faça voar

Conte tua história
Conte comigo
E cante que eu canto pra te acompanhar

domingo, 3 de julho de 2011

Prefácio

É uma paródia da música Epílogo.

Música:


Letra:
Um sonho bom no mundo real
Rodam filmes na minha cabeça
E é normal
Estar aqui ainda que
Há algum tempo parecesse errado
Te chamar de amor
E na ponte sobre o nosso rio
Já não há rancor
Assombramos os fantasmas
Soltos na escuridão
Com um abraço que diz mais
Do que qualquer canção

Uma razão pra prosseguir
Procurava sem descanço
E então te conheci
Muito clichê, como sei ser
De joelhos os tais olhos verdes
Vem te dar o amor
Que em mim naturalmente e de repente
Despertou
Espantando os meus fantasmas
Soltos na escuridão
Com um abraço que me amplia
Do céu até o chão

sábado, 11 de junho de 2011

A efemeridade do sempre

(Para ler ouvindo Gitana - Shakira.)

   Não acredite cegamente em mim. Já prometi coisas que não cumpri, e já causei muita dor por causa disso. Meus "para sempres" não necessariamente vão, de fato, durar para sempre. Mas não me julgue, não pragueje, não deseje o meu mal caso eu um dia te machuque. Não é nada planejado, eu juro. É que eu mudo. Mudo de ideia quanto ao que penso, sobre o que quer que seja, quando menos se espera.
   Quando digo um "para sempre", não é, de modo algum, falsa a minha vontade de que determinado momento dure para sempre. Mas vontade dá e passa em qualquer mortal, que dirá num coração nômade como o meu. Vivo em busca da felicidade e não garanto que vá fazer ninguém feliz, embora deseje.
   Quando eu disser que te amo, entretanto, acredite. E compreenda que isso significa que sou capaz de te ajudar a buscar sua própria felicidade, desde que sua busca não comprometa a minha. Compreenda que isso significa que eu sou capaz de te ajudar a levantar quando você cair, desde que sua queda não me puxe pra baixo. Compreenda que isso significa que eu te admiro,  e que de alguma forma você me inspira a ser melhor, o que não quer dizer que você seja melhor que eu - nem que eu seja melhor que você. Compreenda que isso significa que eu sinto por você o mesmo que sinto por mim, e que esse sentimento é precioso.
   Desconfie do meu "para sempre", mas, por favor, cuide bem do meu "eu te amo". Caso contrário, o "para sempre" corre sérios riscos de se tornar lembrança. E quando bem cuidado... Ah, quando bem cuidado meu "eu te amo" pode até durar para sempre.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O teste deu positivo


O meu Surto Criativo engravidou a minha Paciência, e esse blog está formado, pronto pra nascer. Tomara que nasça saudável e linda, a minha criança. Pronta pra crescer e me encher de orgulho *-*