Essa carta é para a Tábata, que quando soube que meu namoro terminou disse: “ah, não, Zanni! Eu leio seu blog!”. Então, esse texto é para deixar bem claro que a poesia e a beleza sempre vão encontrar portas abertas aqui, independente do que estiver acontecendo na minha vida e no mundo.Dedico à Tábata, mas remeto à outra pessoa:
Laisa,
O último fim de semana teve
muitos momentos de profunda tristeza, embora eu tenha rido bastante, também. Amigos são
parte muito importante da vida, né? Bem, fiquei triste por causa da minha
indecisão momentânea sobre tudo o que você já sabe, mas, principalmente, por
ter agido de maneira tão rude com você. Não tinha esse direito, você não
merecia isso. Sei que já recebi minhas desculpas, mas me desculpe, mais uma
vez. Me descontrolei. Mas você me surpreendeu mais uma vez, me ensinando como
passar por cima do orgulho e das mágoas e ser grande, ser adulta de um jeito
bom, ser madura. Teu colo foi imprescindível. Você foi de uma grandiosidade
absurda desde que eu me lembre, mas hoje foi emocionante. E escrevo esta carta
para dizer algumas coisas que me fugiram no calor do momento.
Não permita que o escuro e as chuvas te ponham medo e te
façam sentir pequena. Você é imensa, do tamanho de deus! Deixe o escuro ser a
divindade que vai te ensinar a lidar com teus medos e, quando não der, deixe o
relâmpago iluminar teu caminho. E curta o som que o trovão faz, combinado com
as gotas de chuva batendo contra o seu rosto.
Confesso que ainda me intriga a falta de uma explicação
lógica para o fim de uma história tão bonita. Mas, por hora, pensar que nem
tudo na vida precisa de uma explicação lógica me basta. Soubemos viver a beleza
que a vida nos possibilitou, e soubemos, embora tendo passado por uma
turbulência, reconhecer que chegou a hora do ponto final.
Não, nós não seremos boas amigas.
Não é para você que eu vou correr quando a vontade de fazer teatro for absurda,
e nem é a mim que você vai recorrer quando não estiver mais aguentando estudar
português. Mas é para você que eu vou sorrir quando, daqui a alguns anos, nos
encontrarmos na plateia (quiçá no palco) de alguma montagem incrível de uma
peça do Chico, as duas com filho pequeno (que criança tem que aprender desde
pequena o que é bom!) e coração tranquilo. Amor do lado. Sorriso no rosto.
Mais de vez me flagrei assistindo uma história em que o
casal rompe o relacionamento de uma maneira bizarramente leve e bonita, e dizendo,
inconformada: “isso nunca aconteceria na vida real!”. Pois acontece. Aconteceu
comigo. Ah, você sabe! Você estava lá! Ainda bem.
Prometi (digo, jurei juradinho)
tentar não sofrer com receio de prometer não sofrer e não conseguir cumprir,
mas agora sei que consigo. Sabe, chorei no ônibus a caminho de casa. Mas chorei
sem peso, que nem choro quando ouço uma música que acho bonita. Porque é
exatamente isso que sinto: toda vez, daqui pra frente, em que eu lembrar do que
a gente viveu, meu olho vai encher d’água, de emoção transbordando, que não dá
pra conter. Porque nossa história é uma das músicas mais lindas que alguém já
sonhou em escrever. Mas toda música tem seu fim. Ainda bem. Porque aí a gente pode sair pela vida praticando o que aprendeu.
Com amor alvedriado,
Luísa
Lindeza de despedida, triste, mas também leve e carinhosa. Fim bonito.
ResponderExcluirhttp://www.novaperspectiva.com/
Zanni, tinha tempos que nao lia nada e seu e confesso que isso me tocou fundo na alma. Lembro-me de uma vez caminhando juntas para o shopping e conversávamos sobre o ideal dos relacionamentos e eu disse: ''Queria ter um grande amor, que acabasse no momento que tivesse que acabar...sem dor, só tivesse sido simplesmente perfeito até o momento do fim.'' Esse comentário causou um estranhamento na Cecília mas você concordou comigo. Acho que me esqueci durante um tempo sobre esse meu desejo de deixar que tudo vivesse o tempo que tivesse que viver e morresse no tempo que tivesse que morrer...e nos últimos meses - digo, até esse mês de agora - eu me punha a pensar
ResponderExcluirconstantemente sobre a razão do fim de certos momentos na minha vida...e isso não me deixou andar para frente durante um tempo. Acontece que também aprendi, ou reaprendi com a Amanda de alguns anos atrás...que certas coisas simplesmente acabam no tempo que devem acabar, talvez acabem mais cedo para umas e para outras menos...e talvez seja otimista pensar que nenhum fim é definitivo na vida, senão a morte. O que quero dizer com isso é: todo fim por mais representativo que seja - já que a vida é uma caixinha de surpresas - acontece no seu devido tempo e não devemos tentar entender o porquê. Apenas aceitar o fim, com humildade - por mais que doa, aceitar que alguém não te quer - e nos permitir seguir em frente. Para novos começos ou recomeços. Obrigada por conseguir por em palavras, sentimentos que eu sinto com toda a vida que em mim existe. Sinto saudades imensas de nossas trocas poéticas, teatrais, espirituais e até do passado por mais que esse te cause certa repulsa. Espero te encontrar mais vezes nos corredores da faculdade...porque sua lembrança na minha vida é isso: sopro de vento frio, num dia de calor no verão. Puro alívio.