sábado, 9 de junho de 2012

À Amanda

À mando dos deuses,
Nasceu como a vês:
Exige do espelho
Resposta aos porquês

Não vê diferença
Entre o dia e a noite,
Entre o amor e a poesia,
Entre a sorte e o açoite

Requer dicionário,
Manual de instrução
E um pouco de sorte
Pra compreensão

Em cima do palco
É que desata os nós
Mais bem amarrados
Pelo seu algoz

Algoz, o espelho.
Qual outro, afinal?
Gêmeo obrigatório
Do bem e do mal

A mão dos poetas
Lhe inspira, talvez,
A ser a tal musa
Que inspira esses reis

Mas caso a mandam
A cabeça baixar,
Decerto, em seguida,
Um brado virá

E a que antes inspirou
Um poeta a escrever
Rouba-lhe tinta e pena
Pra sair a viver,

A criar suas linhas,
A fugir do pesar,
A querer ser rainha
Do poetizar

E o mundo, a mando
De sua mão - Será?
Se irmanará em arte
Se amandará

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