quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sinestesia

   Curioso: senti o gosto do teu beijo no café servido por outrem. Achei que fosse só impressão, mas beberiquei novamente a xícara, e tive a mesma sensação: o duro amargo do café sem açúcar reinventado por uma borda de doce de leite.
   Será que encontro a paz do teu colo em algum outro edredom? E a raiva por você, nas mazelas do mundo? E os deuses do teu olhar, mirando o céu de outro país? Há diferença entre o céu que eu via ao teu lado e o céu que posso ver com outro amor ao meu redor? Ah, todo amor é igual... É sempre a mesma receita. O sabor varia de acordo com a quantidade de cada ingrediente que se coloca na mistura. Vou ver se, da próxima vez, ponho menos açúcar do que pus no café que você me serviu. O suficiente pra beber um amor quente e doce, mas de modo que eu não enjoe da xícara antes de tomar todo o café. Ah, e quando acabar de beber tudo, vou imediatamente lavar as xícaras e colocá-las para secar. Não quero moscas na pia, nem teias de aranha na alma.

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