Nesta noite interrompida
Pelo sol que hoje se ergueu
Uma quimera enraivecida
invadiu os sonhos meus
Respondeu ao meu relato
a amiga sem piscar:
os sonhos dizem um fato
- tu tens medo de arriscar
Pelo sol que hoje se ergueu
Uma quimera enraivecida
invadiu os sonhos meus
Respondeu ao meu relato
a amiga sem piscar:
os sonhos dizem um fato
- tu tens medo de arriscar
Da moça a me interpelar:
Seu falar me confundiu
Tudo rápido demais
e num instante sumiu
-
Seu falar me confundiu
Tudo rápido demais
e num instante sumiu
-
O ciúme é uma pedra de gelo que
se aloja na nossa garganta. Comprime as cordas vocais. Desacelera todo o
metabolismo. Nos deixa frios. Desconfiados. Os olhos são atentos, mas nada se
enxerga, de fato. Isso porque o ciúme, quando muito grande, se espalha por todo
o corpo e congela o cérebro. Desfunciona toda a nossa capacidade de sinapse. Em
linguagem vulgar, tornamo-nos burros. Incapazes de reagir à coisas cotidianas
que acontecem a um palmo do nariz.
O ciúme é uma doença autoimune.
E a única forma de destruí-lo é
com um clichê: através de um severo aquecimento do coração, o calor se espalha
pelo corpo e o organismo recobra sua capacidade motora, seu poder de
raciocínio, sua fala espontânea e o brilho no olhar.
-
Eu tentei. Juro que tentei. Tenho tentado entender o que se
passa dentro de mim, mas não consigo. Não sei por onde. Não sei quais
descaminhos tenho que traçar até tirar de mim tudo o que não sou eu. Não chamaria
de ciúme. Não tenho motivo para enciumar-me. Não me arrependo de nada do que
fiz ou do que não fiz. E sei que fiz valer o meu amor enquanto existiu paixão. Portanto,
sei que o que sinto também não é remorso.
Acho que o nome disso é solidão.
Mas não tem a ver com não ter ninguém a meu lado. Tem a ver
com eu mesma não estar comigo.