quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

frágil

Nesta noite interrompida
Pelo sol que hoje se ergueu
Uma quimera enraivecida
invadiu os sonhos meus

Respondeu ao meu relato
a amiga sem piscar:
os sonhos dizem um fato
- tu tens medo de arriscar

Da moça a me interpelar:
Seu falar me confundiu
Tudo rápido demais
e num instante sumiu

-
O ciúme é uma pedra de gelo que se aloja na nossa garganta. Comprime as cordas vocais. Desacelera todo o metabolismo. Nos deixa frios. Desconfiados. Os olhos são atentos, mas nada se enxerga, de fato. Isso porque o ciúme, quando muito grande, se espalha por todo o corpo e congela o cérebro. Desfunciona toda a nossa capacidade de sinapse. Em linguagem vulgar, tornamo-nos burros. Incapazes de reagir à coisas cotidianas que acontecem a um palmo do nariz.

O ciúme é uma doença autoimune.

E a única forma de destruí-lo é com um clichê: através de um severo aquecimento do coração, o calor se espalha pelo corpo e o organismo recobra sua capacidade motora, seu poder de raciocínio, sua fala espontânea e o brilho no olhar.

-

Eu tentei. Juro que tentei. Tenho tentado entender o que se passa dentro de mim, mas não consigo. Não sei por onde. Não sei quais descaminhos tenho que traçar até tirar de mim tudo o que não sou eu. Não chamaria de ciúme. Não tenho motivo para enciumar-me. Não me arrependo de nada do que fiz ou do que não fiz. E sei que fiz valer o meu amor enquanto existiu paixão. Portanto, sei que o que sinto também não é remorso.

Acho que o nome disso é solidão.


Mas não tem a ver com não ter ninguém a meu lado. Tem a ver com eu mesma não estar comigo.

Um comentário:

  1. Tem a ver com a falta de sintonia. Às vezes, mesmo que já tenhamos até passado da adolescência, ocorre uma crise de identidade. Um ciúmes do que não é compreendido, uma solidão sem motivo.
    Tomara que seja fase.
    Abraços.

    ResponderExcluir

Obrigada pelo comentário! Vou ler, e depois publico e respondo, ta?